Para dar um novo fôlego às vendas dos carros elétricos, a VW vai implementar uma estratégia baseada em 3 pequenos modelos. O Francisco Mota descodifica esta aparente mudança de 180 graus no rumo dos ID.
Até agora, o pensamento reinante no que aos automóveis elétricos diz respeito, dizia que não era rentável fazer modelos pequenos e citadinos. As marcas não conseguiam reduzir os custos de produção e os compradores não estavam dispostos a pagar o preço final. Há vários exemplos de alguns modelos que desapareceram do mercado por essa razão, o VW e-Up! é um deles. As marcas continuavam a pensar que os mais baratos dos elétricos não podiam ser feitos mais pequenos do que modelos do tamanho do ID.3, com os preços correspondentes. Só que, as vendas de modelos elétricos dos segmentos do ID.3 e superiores, começaram por registar uma desaceleração na subida das vendas, entrando a seguir numa estagnação, ou mesmo numa descida em alguns mercados europeus.
A resposta da VW
A resposta da VW para esta situação foi procurar qual o valor máximo que um comprador de um automóvel utilitário ou citadino está disposto a dar por um elétrico. E depois construir uma plataforma com base num orçamento muito apertado, para conseguir ficar abaixo do valor de venda. É um pouco a inversão da engenharia automóvel tradicional.
A discussão de criar condições para que seja feito um carro europeu elétrico de pequenas dimensões e baixo custo tem vindo a ser um tópico há algum tempo, entre os construtores e os políticos de Bruxelas. Mas enquanto as discussões decorrem, a Volkswagen parece já ir mais à frente e já ter escolhido o seu caminho para desenvolver o mercado dos citadinos elétricos.
O passo essencial foi a decisão de conceber a nova plataforma MEB Entry. É uma plataforma exclusivamente para veículos elétricos e foi feita de forma a baixar ao máximo os custos de produção. Ao contrário da MEB que é usada em todos os atuais modelos elétricos de baixo preço do grupo, a MEB Entry tem apenas um motor elétrico à frente e tração às rodas da frente. A MEB tem o motor e tração atrás ou dois motores e tração às quatro rodas.
Três modelos
Para começar, a MEB Entry servirá de base a 3 modelos que a marca identifica como o ID.1, ID.2 e ID. 2X. Estes nomes não vão ser usados comercialmente, como já se viu no recente salão de Munique, onde o ID Polo foi mostrado em formato final, mas com a carroçaria camuflada, e o ID. Cross foi mostrado em forma de concept quase final.
Por isso, é de esperar que o mais pequeno modelo se venha a chamar ID. Up! e o crossover com base no ID. Polo poderá chamar-se simplesmente ID. Cross. Estes três modelos substituem os conhecidos Up!, Polo e T-Cross. O primeiro a ser lançado será o ID. Polo, fabricado em Espanha e que dará vida também às versões Skoda Epiq e Cupra Raval, mostrado também no salão de Munique.
O ID. Cross
Está previsto para ser lançado no início de 2026 por um preço base estimado em 29 000 euros. O modelo deverá ter uma bateria de 56 KWh com química NMC, capaz de alcançar uma autonomia de 450 Km com um motor que deverá ir dos 160 cv até aos 190 cv, dependendo da versão. Depois existirá um ID. Polo GTI com cerca de 226 cv.
Um ano após o lançamento do ID. Polo, ou seja, no início de 2027, chegará o ID. Cross, substituto do atual T-Cross e baseado no ID Polo mas com suspensão mais alta e um estilo exterior a evocar o todo-o-terreno, apesar de se manter apenas com tração à frente. Também o ID. Cross terá variantes noutras marcas do Grupo.
A maior família
O ID. Polo e as suas variantes vão constituir a maior família de de automóveis urbanos elétricos com centenas de milhar de unidades produzidas por ano. Seguindo a tendência do mercado automóvel europeu e a oferta das marcas, estamos a falar daquele que será o maior segmento de mercado da Europa.
A produção do ID. Polo e variantes vai ser feita em Espanha, mas o enorme investimento da VW nos automóveis pequenos não se fica por aqui. No segmento mais abaixo vai surgir em 2027 o ID. 1, que poderá chamar-se ID. Up! e que será o sucessor do e-Up! ocupando o lugar do modelo elétrico mais pequeno da Volkswagen. Como já foi revelado, este modelo e suas variantes, ainda não confirmadas, será fabricado em Portugal, na fábrica da marca em Palmela, Setúbal.
Made in Portugal
O ID. 1 usa uma versão de apenas 3880 mm de comprimento da plataforma MEB Entry, mas terá cinco portas. O modelo já foi mostrado na forma do concept-car ID. Every1, com linhas que deverão estar muito próximas da versão final. “O carro que todos estavam à espera” foi como Thomas Schäfer, o CEO da VW, o definiu. O novo “carro do povo” que constituiu a origem do nome e da função da VW já há 87 anos.
Quanto a detalhes técnicos, admite-se que o ID. 1 use uma bateria de 38 kWh com química LFP, mais barata, capaz de oferecer 248 Km de autonomia, com um motor de 95 cv e velocidade máxima limitada aos 130 Km/h. A suspensão é bastante simples, com arquitetura McPherson, na frente e barra de torção, atrás baseada na do atual Polo.
Conclusão
O ID. 1 será o primeiro modelo da Volkswagen a incluir uma nova arquitetura de software, desenvolvida através de uma parceria entre a Cariad, a divisão de software da VW e os americanos da Rivian.
Ao que se sabe, este novo sistema, que será depois usado por outros modelos da VW, tem maior rapidez de atualizações, mais funcionalidades, e mais flexibilidade na integração do hardware Andreas Mindt, disse que o ID. 1 “é um carro com caráter, não é apenas um objeto funcional.” Está integrado num conjunto de 10 lançamentos de novos modelos elétricos de todos os segmento que a VW fará nos próximos três anos e que vai alterar por completo a oferta da marca alemã.
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